Gishin Funakosh
Gishin Funakoshi (船越義珍, Funakoshi Gishin?) foi um mestre de Okinawa-te, nascido em Oquinaua no ano de 1868. Foi o principal divulgador da arte marcial pelo arquipélago japonês. Deixou como legado, além do caratê mundialmente conhecido, dois estilos, Shotokan e Shotokai. Seu falecimento deu-se m 1957, evento depois do qual, apesar dos grandes esforços despendidos, marcou ainda mais a fragmentação de sua arte marcial.
Biografia
Primeiros anos
Gichin Funakoshi nasceu no atual distrito de Shuri, da prinvíncia de Oquinaua, em 1868, o mesmo ano da Restauração Meiji, quando o Reino de Ryukyu foi finalmente incorporado ao Império nipónico. Contra a manobra japonesa insurgiu-se formalmente a China, mas o processo se consolidou.
Naquele conturbado ambiente político, crescia Funakoshi, que era filho único e logo após seu nascimento foi levado para a casa dos avós maternos, onde foi educado e aprendeu poesia clássica chinesa. Algum tempo depois ele começou a frequentar a escola primária, onde conheceu outro garoto de quem ficou muito amigo. Esse garoto era filho de Yasutsune Asato, um dois maiores especialistas de Oquinaua na arte do caratê (à época ainda conhecido por tode ouOkinawa-te) e membro de uma das mais respeitadas famílias. Logo, Funakoshi começou a tomar suas primeiras lições.
Como na época ainda, a prática de artes marciais do vetusto reino não eram muito bem vistas na região, os treinos eram realizados à noite, no quintal da casa de mestre Asato, onde se aprendia a socar, chutar e mover-se conforme os métodos praticados naqueles dias. O treinamento era muito rigoroso. O Mestre Asato tinha uma filosofia de treinamento que se chamava hito kata san nen, ou seja, «um kata em três anos». Funakoshi estudava cada kata a fundo e, só então quando autorizado pelo seu mestre, seguia para o próximo...
Enquanto praticava no quintal de Asato com outros jovens, outro reconhecido mestre de caratê, Anko Itosu, amigo de Asato, aparecia e os observava treinando os kata, quando aproveitava para fazercomentários sobre suas técnicas. Era uma rotina dura que terminava sempre de madrugada sob a disciplina rígida de mestre Asato, do qual o melhor elogio se limitava a uma única palavra: "Bom!". Após os treinos, já quase ao amanhecer, Asato falava sobre a essência do caratê.
Após vários anos, os treinos dedicados deram grande contribuição para a saúde de Funakoshi, que fora uma criança muito frágil e doentia. Ele gostava muito da rotina de treinamento, mas como não pensava que pudesse fazer dele uma profissão, inscreveu-se e foi aceito como professor de uma escola primária em 1888, aos 21 anos, aproveitando toda a cultura adquirida desde a infância quando seus avós lhe ensinavam os Clássicos Chineses. Esta deveria ser sua carreira a partir de então.
Primeiras divulgações abertas do caratê
Em 1902, durante a visita de Shintaro Ogawa, que era então inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Oquinaua, foi feita uma demonstração dete. Funakoshi impressionou bastante devido ao seu status de educador, ficando Ogawa tão entusiasmado que súbito escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treinamento de caratê passou a ser oficialmente autorizado nas escolas.
Até então a arte marcial só era praticado atrás de portas fechadas, o que no entanto não significava que fosse um "segredo", porém havia certos mestres que procuravam manter seu conhecimento velado e dentro principalmentes de suas famílias e/ou dentro de um seleto e miúdo grupo.
Ou seja, posto que não fosse um segredo a existência do caratê, mestres existiam que relutavam em ensinar ao público em geral e outros que procuravam impedir que outros mestres o fizessem. Por outro lado, as casas eram tipicamente muito próximas umas das outras, e tudo que era feito numa casa era conhecido pelas casas adjacentes. Enquanto muitos autores pregam o caratê como sendo um segredo àquela época, não era exatamente isso o que se encontrava na prática. O caratê era "oficiosamente" secreto...
Contra os pedidos de muitos dos mestres mais antigo, que não eram a favor da divulgação da arte, Funakoshi, com o apoio de outros renomados mestres, como Kenwa Mabuni, Hironori Otsuka, Takeshi Shimoda, Choki Motobu e outros, levou a disciplina até o sistema público de ensino, mas principalmente com a ajuda de seu mestre Itosu. Logo, as crianças de Oquinaua estavam aprendendo os kata como parte das aulas de educação física. E, nesse meio-tempo, a redescoberta da herança étnica em Oquinaua entrou em voga, e as aulas de caratê passaram ser bastante apreciadas.
Alguns anos depois, o Almirante Rokuro Yashiro assistiu a uma demonstração de kata. Essa demonstração foi feita por Funakoshi junto com uma equipe composta por seus melhores alunos. Enquanto ele narrava, os outros executavam kata, quebravam telhas, e geralmente chegavam ao limite de seus pequenos corpos. Yashiro ficou tão impressionado que ordenou a seus homens que iniciassem o aprendizado na arte.
Funakoshi sempre enfatizava o desenvolvimento do caráter e a disciplina nas suas narrações durante essas demonstrações. Quando participava das exibições, gostava de executar o kata kanku dai, o maior de seu estilo, e talvez o mais representativo.
Em 1912, a Primeira Esquadra Imperial da Marinha ancorou na Baía de Chujo, sob o comando do Almirante Dewa, que selecionou doze homens da sua tripulação para estudarem caratê durante uma semana.
Foi graças a esses dois oficiais da Marinha que o caratê começou a ser comentado em Tóquio. Os japoneses que viam essas demonstrações levavam as estórias consigo quando voltavam ao Japão. Pela primeira vez na sua história, o Japão acharia algo na sua pequena possessão de Oquinaua além de praias bonitas e o ar puro.
Divulgação do caratê no Japão
Em 1921, o então Príncipe Herdeiro Hirohito, em viagem para Europa, fez escala na terra do caratê e assistiu a uma demonstração, liderada por Funakoshi, ficando muito impressionado. Por causa disso, no fim desse mesmo ano, Funakoshi foi convidado para fazer uma outras demonstração mas em Tóquio, numa Exibição Atlética Nacional. O convite foi de pronto aceito, acreditando ser esta uma ótima oportunidade para divulgar sua arte.
A nova demonstração de kata foi um sucesso, o que culminou com o aparecimentos de muitos outros convites de demonstração e ensino regular do caratê. Funakoshi pretendia retornar logo para sua terra, mas no decorrer dos acontecimentos foi ficando na ilha principal do Japão.
Uma das pessoas que pediu para que ele ficasse foi Jigoro Kano, o criador do judô e presidente do Instituto Kodokan, de quem se tornaria muito amigo. Funakoshi resolveu ficar mais alguns dias para fazer demonstrações de suas técnicas no próprio Kodokan.
Algum tempo depois, quando se preparava novamente para retornar à sua casa, foi visitado pelo pintor Hoan Kosugi, que já tinha assistido a uma demonstração de caratê em Oquinaua, pedindo-lhe que ensinasse a arte. Mais uma vez sua volta foi adiada.
Funakoshi percebeu então que se ele quisesse ver o caratê propagado por todo o Japão ele mesmo teria que fazê-lo. Por isso resolveu ficar em Tokyo até que sua missão fosse cumprida.
No Japão, Funakoshi foi ajudado por Jigoro Kano, o homem que reuniu vários estilos diferentes de Jujutsu para fundar o Judo. Kano tornou-se amigo íntimo de Funakoshi, e sem sua ajuda nunca teria havido caratê no Japão. Kano o introduziu às pessoas certas, levou-o às festas certas, caminhou com ele através dos círculos sociais da elite japonesa. Mais tarde naquele ano, as classes mais altas dos japoneses se convenceram do valor do treinamento do caratê.
Funakoshi fundou um dojô de caratê num dormitório para estudantes de Oquinaua, em Meisei Juku. Ele trabalhou como jardineiro, zelador e faxineiro para poder se alimentar enquanto ensinava caratê à noite.
Em 1922, a pedido do pintor Hoan Kosugi, Funakoshi publicou seu primeiro livro, Ryukyu kenpo karate, um tratado nos propósitos e prática do Karate. Na introdução daquele livro ele já dizia que "...a pena e a espada são inseparáveis como duas rodas de uma carroça". O grande terremoto de Kanto em 1º de setembro de 1923 destruiu as placas de seu livro, e levou alguns de seus alunos com ele. Ninguém morreu com o tremor, os incêndios que provocaram as mortes. O terremoto ocorreu durante a hora do almoço, no momento em que cada fogão a gás no Japão estava ligado. Os incêndios que ocorreram a seguir eram monstruosos, e maioria da vidas perdidas se deveu ao fogo. Este livro teve grande popularidade e foi revisado e reeditado quatro anos após o seu lançamento, com o título alterado para Rentan goshin karate jutsu'.3
Em 1925, Funakoshi começou a pegar alunos dos vários colégios e universidades na área Metropolitana de Tóquio e nos anos seguintes esses alunos começaram a fundar seus próprios clubes e a ensinar caratê a estudantes destas escolas. Como resultado, o caratê começou a se espalhar desde o centro do império. No início da década de 1930, já havia clubes de caratê em cada universidade de prestígio de Tóquio. Mas por que estava Funakoshi conseguindo tantos jovens interessados em caratê desta vez? O Japão estava fazendo uma Guerra de Colonização na Bacia do Pacífico. Eles invadiram e conquistaram a Coréia, Manchúria, China, Vietnã, Polinésia, e outras áreas. Jovens a ponto de irem para a guerra vinham a Funakoshi para aprender a lutar, assim eles poderiam sobreviver ao recrutamento nas Forças Armadas Japonesas. O seu número de alunos aumentou bastante.
Por volta de 1933, Funakoshi desenvolveu exercícios básicos para prática das técnicas em duplas. Tanto o ataque de cinco passos (Gohon Kumite) como o de um (Ippon Kumite) foram usados. Em 1934, um método de praticar esses ataques e defesas com colegas de um modo levemente mais irrestrito, semi-livre (Ju Ippon Kumite), foi adicionado ao treinamento. Finalmente, em 1935, um estudo de métodos de luta livre (Ju Kumite) com oponentes finalmente tinha começado. Até então, todo carate treinado em Oquinaua era composto basicamente de kata. Isso era tudo. Agora, os alunos poderiam experimentar as técnicas dos kata uns com os outros sem causar danos sérios.
Neste mesmo ano de 1935, foi publicado seu próximo livro, Karate-do kyohan. Este livro trata basicamente dos kata.
Uma reforma no caratê
Funakoshi era Taoísta, e ele ensinava Clássicos Chineses, como o Tao Te Ching de Lao Tzu, enquanto ele estava vivendo em Oquinaua. Era profundamente religioso e tinha muito receio de que o caratê se tornasse um instrumento de destruição, e provavelmente queria eliminar do treinamento algumas aplicações mortais dos kata. Então, ele parou de fazer essas aplicações. Ele também começou a desenvolver estilos de luta que fossem menos perigosos. Funakoshi teve sucesso ao remover do caratê técnicas de quebras de juntas, de ossos, dedos nos olhos, chaves de cotovelo, esmagamento de testículos, criando um novo mundo de desafios e luta em equipe onde somente umas poucas técnicas seriam legais. Ele fez isso baseado nos seus propósitos e com total conhecimento dos resultados.
A partir de 1936, Funakoshi passou a usar mais ostensivamente a mudança (empregada por Anko Itosu) dos caracteres kanji utilizados para escrever a palavra caratê: os kanji«唐» e «空» possuem sons assemelhados, ou «to», porém o último também pode ser dito «kara»; enquanto o primeiro significava «China», com o outro essa relação ficou mais distante, passando a ser entendido como seu sentido primário, ou «vazio»; de "mãos chinesas" o karate passou a significar "mãos vazias", e como os dois caracteres são lidos exatamente do mesmo jeito, então a pronúncia da palavra continuou a mesma.
Além disso, Funakoshi defendia que o termo "mãos vazias" seria o mais apropriado, pois representa não só o fato de o caratê ser um método de defesa sem armas, mas também representa o espírito do caratê, que é esvaziar o corpo de todos os desejos e vaidades terrenos. Com essa mudança, Funakoshi iniciou um trabalho de revisão e simplificação, que também passou pelos nomes dos kata, pois ele também acreditava que os japoneses não dariam muita atenção por qualquer coisa que tivesse a ver com o dialeto de Oquinaua. Por isso ele resolveu mudar não só nome da arte mas também os nomes dos katas. Ele estava certo, e seus número cresceram mais ainda.
Funakoshi tinha 71 anos em 1939, e foi quando ele deu o primeiro passo dentro de um dojô de caratê em 29 de janeiro. O prédio foi feito de doações particulares, e uma placa foi pendurada sobre a entrada e dizia: "Shotokan". "Sho" significa pinheiro. "To" significa ondas ou o som que as árvores fazem quando o vento bate nelas. "Kan" significa edificação ou salão. "Shoto" era o pseudônimo que Funakoshi usava para assinar suas caligrafias quando jovem, pois quando ele ia escrevê-las se recolhia em um lugar mais afastado, onde pudesse buscar inspiração, ouvindo apenas o barulho do pinheiros ondulando ao vento. Esse nome dado ao Shotokan Karate Dojo foi uma homenagem de seus alunos.
As Guerras
Com a eminência de uma guerra pairando no ar, a necessidade de treinamento nas artes militares estava em crescimento. Jovens estavam se amontoando nos dojôs, vindos de todas as partes do Japão. O carate foi de carona nessa onda de militarismo e estava desfrutando de uma aceitação acelerada como resultado. O nacionalismo exacerbado fazia com que muitos quisessem mostrar que o Japão tinha uma modalidade de boxe mais simples, natural e eficiente que o boxe chinês.
Enquanto já se desenrolava a Segunda Guerra Sino-Japonesa, em 7 de dezembro de 1941, o Japão despeja um bombardeio sobre as forças navais americanas em Pearl Harbor, numa tentativa de prevenir que as embarcações americanas bloqueassem a importação japonesa de matéria-prima; os japoneses tentaram remover a frota americana e varrer a influência ocidental do próprio Oceano Pacífico. O plano era bombardear os navios de guerra e os porta-aviões que estavam no território do Hawaii. Isto deixaria a força da América no Pacífico tão fraca que a nação iria pedir a paz para prevenir a invasão do Havaí e do Alasca. Infelizmente, o pequeno Japão não tinha os recursos, força humana, ou a capacidade industrial dos Estados Unidos. Com uma mão nas costas, os americanos destruíram completamente os japoneses na Ásia e no Pacífico.
Uma das vítimas dos ataques aéreos foi o Shotokan Karate Dojo que havia sido construído em 1939. Com a América exercendo pressão sobre Oquinaua, a esposa de Funakoshi finalmente iria deixar a ilha e juntar-se a ele em Kyushu no Sul do Japão. Eles ficaram lá até 1947.
Os americanos destruíram tudo que estava em seu caminho. As ilhas foram bombardeadas do ar, todas as cidades queimadas até o fim, as colinas crivadas de balas pelos cruzadores de guerra de longe da costa, e então as tropas varreram através da ilha, cercando todo mundo que estivesse vivo. A era dourada do caratê em Oquinaua tinha acabado. Todas as artes militares haviam sido banidas rapidamente pelas forças americanas.
Primeiro uma, depois outra bomba atômica explodiram sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Três dias depois, bombardeiros americanos sobrevoaram Tóquio em tal quantidade que chegaram a cobrir o Sol: a cidade foi bombardeada com dispositivos incendiários. Descobrindo que o governo do Japão estava a ponto de cometer um suicídio virtual sobre a imagem do Imperador, cartas secretas foram passadas para os japoneses garantindo sua segurança se eles assinassem sua "rendição incondicional". O Japão estava acabado, a Guerra do Pacífico também, mas o pesadelo de Funakoshi ainda havia de acabar.
A morte de Yoshitaka
Foi então que Gigo, também conhecido como Yoshitaka, dependendo como se pronuncia os caracteres de seu nome, filho de Funakoshi, um jovem e promissor mestre de caratê no seu próprio direito, aquele que Funakoshi estava contando para substituí-lo como instrutor do Shotokan, pegou tuberculose em 1945 e veio a falecer enquanto teimosamente recusa-se a comer a ração americana dada ao povo faminto.3
Funakoshi e sua esposa tentaram viver em Kyushu, uma área predominantemente rural, sob a ocupação americana no Japão mas, em 1947, ela morre, deixando Funakoshi retornar a Tóqui, para reencontrar seus alunos de caratê que ainda viviam. Depois que a guerra havia acabado, as artes militares haviam sido completamente banidas. Entretanto, alguns dos alunos de Funakoshi tiveram sucesso em convencer as autoridades que o caratê era um esporte inofensivo. As autoridades americanas concederam, mais por causa que naquela época eles não tinham idéia do que caratê fosse. Além disso, alguns homens estavam interessados em aprender as artes militares secretas do Japão, então as proibições foram eliminadas completamente em 1948.
Em maio de 1949, os alunos de Funakoshi movem-se para organizar todos os clubes de caratê universitários e privados numa simples organização, e eles a chamaram deNihon Karate Kyokai (Associação japonesa de caratê). Eles nomearam Funakoshi seu instrutor chefe. Em 1955, um dos alunos de Funakoshi consegue arranjar um dojô para a entidade.
Uma lição para o mundo
Em 1957, Funakoshi tinha 89 anos de idade. Ele foi um professor de escola primária e um professor de caratê. Ele se mudou para o Japão em 1922 (o que não é um pequeno ato de coragem) e trouxe consigo o caratê, dando ao Japão algo de Oquinaua com seu próprio jeito pacifista. No processo, ele perdeu um filho, sua esposa, o prédio que seus alunos fizeram para ele, seu lar, e qualquer esperança de uma vida pacífica. Ele suportou duas grandes guerras que resultou em calamidade nacional, e ele treinou seus jovens amigos e conheceu suas famílias apenas para vê-los irem lutar e serem mortos pelas forças invencíveis dos Estados Unidos. Ele viu o Japão queimar, ele viu os antigos templos e santuários serem totalmente aniquilados, ele viu bombardeiros enegrecerem o Sol, e ele viu como um pilar de fumaça negra subia de cada cidade no Japão e envenenava o ar que ele respirava. Ele viu o Japão cair da glória para uma nação miserável, dependendo de suprimentos de comida e roupas dos seus conquistadores. O cheiro da fumaça e o cheiro dos mortos, os berros daqueles que foram deixados para morrer lentamente, o choro das mães que perderam seus filhos e esposas que nunca mais iriam ver seus maridos, o medo, o ruído ensurdecedor dos B-29's voando sobre sua cabeça aos milhares, os clarões como os de trovões por todo o país quando as bombas explodiam em áreas residenciais, os flashes de luz na escuridão, a espera no rádio para poder ouvir a voz do Imperador pela primeira vez, somente para anunciar a rendição, a humilhação de implorar comida aos soldados. Intermináveis funerais, famílias arruinadas e lares destruídos...
A lição mais importante que ele nos ensinou está expressa na história do modo que ele passou pelo dojô principal de Jigoro Kano. Caminhando pela rua, ele parou e fez uma pequena prece quando passou pelo Kodokan. E, se estivesse dirigindo um carro, ele tiraria seu chapéu quando passasse pelo Kodokan. Seus alunos não entenderam porque ele estaria rezando pelo sucesso do Judo. Ele explicou: "Eu não estou rezando pelo Judo. Eu estou oferecendo uma prece em respeito ao espírito de Jigoro Kano. Sem ele, eu não estaria aqui hoje".
Gichin Funakoshi, o "Pai do Caratê Moderno", faleceu no dia 26 de abril de 1957. No seu túmulo está gravada sua célebre frase: Karate ni sente nashi. O monumento está localizado no Templo Engakuji na cidade de Kamakura, Japão.
Contribuições
O mestre Funakoshi acreditava que o caratê seria uma arte marcial única, cuja linhagem poderia ser restreada conforme sua evolução ocorreu. Assim, ele enxergava as variações de estilo como variações da forma de ensinar a arte marcial. Este era um pensamento que era comungado por outros mestres, que relutavam em reconhecer um estilo próprio, como o mestre Kenwa Mabuni.
Ele planeou o seu sistema da caratê para refletir suas ideias, isto é, o caratê deveria formar o praticante de forma completa, como atleta, como pessoa e como cidadão. Por consguinte, ao nome do caratê foi adicionada a partícula — dô —, significando caminho.
Funakoshi travou intensa troca de conhecimentos com vários mestres (de várias escolas, estilos e artes marciais), com os quais buscou reunir-se. Da amizade com Jigoro Kanoresultou a ampla divulgação do tode por todo o Japão. Com Funakoshi, e no fito de difundir sua arte marcial, consolidou-se a alteração do nome de tode/okinawa-te parakarate/karatedo, que ajudou a romper limites e superar preconceitos.
O mestre também alterou os nomes tradicionais (em chinês ou oquinauense) de vários katas, para nomes japoneses. Dessarte, Kushanku tornou-se Kanku; Wanshu, Enpi; Rohai, Meikyo... Os kihons também passaram a ter nomes padronizados em japonês.
OKINAWA - JAPÃO - EUROPA - EUA - BRASIL
O karate-do é norteado pelos seguintes princípios filosóficos:
Esforçar-se para a formação do caráter (disciplina)
Fidelidade para com o verdadeiro caminho da razão (sinceridade)
Criar o intuito de esforço (determinação)
Respeitar acima de tudo (respeito e humildade)
Conter o espírito de agressão (auto-controle)
O karate-do, ou “caminho das mãos vazias", é uma arte marcial desenvolvida a partir de métodos autóctones de lutas de Okinawa, influenciada pelo intercâmbio com a China meridional desde o século XV. Okinawa é uma ilha pertencente ao arquipélago RyuKyu e se localiza ao sul do Japão.
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O karate-do é uma arte oriental de ataque e defesa que se fundamenta na educação da vontade e em apurado treinamento físico e mental. Enfatiza as técnicas de percussão (atemiwaza), que consistem predominantemente em golpes como chutes, socos, joelhadas, cotoveladas, golpes com a palma da mão aberta, bloqueios com as articulações, além de projeções, sempre se utilizando do próprio corpo como instrumento de ataque e defesa. Um praticante de karate-do é denominadokarate-ka e tem como meta a perfeita integração entre corpo, mente e espírito a ser alcançado por intermédio de sistemáticos treinamentos. A práxis do karate-do pode ser dividida em três partes principais:
Kihon: espécie de ginástica na qual se aprende e aprimora os fundamentos;
Kata: padrões de lutas imaginárias contra vários oponentes;
Kumite: é a luta propriamente dita. Se subdivide em ipponkumite (luta combinada), shiaikumite (luta esportiva ou luta com regras) e o jyukumite (luta livre).
O karate-do moderno data de maio de 1922, quando o Professor primário GichinFunakoshi introduziu a arte em Tóquio a convite do Ministro da Educação. Um ano antes, Funakoshi realizou uma bem sucedida demonstração para o príncipe herdeiro Hirohito, que passava por Okinawa a caminho da Europa. É creditado a GichinFunakoshi a criação do estilo Shotokan, que significa "casa de Shoto". Shoto era o pseudônimo que Funakoshi utilizava para assinar as suas caligrafias ao som dos pinheiros (sho) sendo ondulados (to) pelo vento.
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O Shotokan, dentre os principais e mais influentes estilos de karate, é o mais praticado do mundo devido à enorme divulgação que GichinFunakoshi, Okinawa, fomentou ao levá-lo à capital do Japão, Tóquio.
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Após uma conturbada era por causa da 2ª Guerra Mundial e das mortes por tuberculose de seu filho Yoshitaka "Gigo" Funakoshi e de sua esposa, GichinFunakoshi atende a liderança de Masatoshi Nakayama, um de seus Senpai, que em 1948 organiza a famosa reunião na Universidade Takushoku (a popular Takudai), com o intuito de padronizar o karate-do Shotokan, que já se propagava por todo o país. O encontro contou com a presença de GichinFunakoshi e de outros Mestres da época. Um ano após, seria fundada a NihonKarateKyokai (Associação Japonesa de Karate).
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GichinFunakoshi faleceu em 26/04/1957, em Shuri, Japão. A organização de sua cerimônia fúnebre foi disputada por sua associação, a Shotokai, liderada por ShigeruEgami, e a NKK, liderada por Masatoshi Nakayama. A Shotokai venceu a disputa com o apoio da família de Funakoshi e, em represália, a NKK não enviou nenhum representante oficial para a cerimônia. Esta seria a primeira grande divisão do karate-do Shotokan, mesmo contra os ideais de unificação de seu fundador. No período do pós-guerra, somente após o falecimento de GichinFunakoshi, a NKK organiza em território japonês os primeiros formatos de competição, e devido a seu sucesso, creditou-se ser esta a grande fórmula de propagação da arte através do esporte. Com o propósito de disseminar o karate-do pelo mundo, a NKK destaca Mestres como Nakayama, e seu Senpai HirokazuKanazawa, para o continente europeu e HidetakaNishiyama e TeruyukiOkazaki, em 1960, para os EUA.
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Em 1961, Nishiyama funda a AllAmericaKarateFederation (AAKF), em Los Angeles, EUA.
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Anos mais tarde, com o Karate sedimentado e organizado em diversos países do mundo, sob as lideranças de Jacques Delcourt (França) e de Nakayama, em 1970 é fundada a World Union KarateOrganizations (WUKO). Neste mesmo ano é realizado o primeiro Campeonato Mundial de Karate da história, em Tóquio, Japão.
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O KARATE-DO CHEGA AO BRASIL
Há duas teorias sobre o advento do karate no Brasil: uma credita que o karate teria sido introduzido informalmente pelos imigrantes japoneses que aqui aportaram a partir de 1908, e a outra versão, que é a mais aceita em virtude dos registros de época, afirma que a partir da década de 50, os mestres japoneses Yoshihide Shinzato (estilo ShorinRyu), MitsusukiHarada e Juichi Sagara (estilo Shotokan), Koji Takamatsu (estilo WadoRyu) e Seiichi "Shikan" Akamine (estilo GojuRyu) implantaram de modo organizado as suas escolas de karate no Estado de São Paulo. Somente na década seguinte estes Mestres difundiriam o karate pelos Estados do Rio de Janeiro e Bahia, os quais teriam a ajuda de outros Mestres que chegariam posteriormente.
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Como aluno de Seiichi "Shikan" Akamine, em 1957, Benedito Nelson Augusto dos Santos, o "Mão de ferro", se tornou o primeiro faixa preta brasileiro. Anos mais tarde ele também alcançaria a faixa preta pelo estilo Shotokan, no qual fora treinado por Juichi Sagara. Benedito Nelson formou o paulista TeruoFurusho e o campista Fernando Gomes da Silva,
entre outros, como faixas preta de karate-do Shotokan. Benedito dos Santos (in memoriam) foi elevado ao título de Hanshi (Mestre Superior) ao ser graduado faixa preta 8º dan pela Confederação Brasileira de Karate (CBK).
Demoraria aproximadamente trinta anos para que o karate brasileiro alcançasse a sua autonomia político-administrativa, pois até então, conforme legislação da época, era regido por um departamento da CBP (pugilismo) que agregava a todos os estilos, linhagens e correntes políticas.
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Ter o karate no programa olímpico é um sonho antigo da comunidade marcial. Como os Senseijaponeses radicados no Brasil representavam diferentes organizações internacionais como WUKO, IAKF, ISKF, NKK e SKIF (representada inicialmente pela UNICAM nos anos 80), o consenso para a criação de uma única organização de administração esportiva passou por momentos conflitantes.
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De 1974 a 1984 o Brasil esteve afastado do circuito mundial da WUKO (atual WKF) em função do japonês radicado nos EUA, HidetakaNishiyama (in memoriam), ter perdido a vice-presidência da WUKO em 1973, o que lhe motivou a fundar uma outra organização mundial de karate um ano após, a IAKF. Como vários Mestres radicados no Brasil estavam alinhados com Nishiyama, decidiram então filiar-se a IAKF e deixar a WUKO. Somente em 1985, quando o Sensei EnioVezzulli, Senpai de Taketo Okuda, após conhecer os meandros dessa história durante sua estadia no curso de formação de instrutores da NKK, o Kenshusei, trouxe ao Brasil os representantes da WUKO, que por sua vez buscava entendimento com a IAKF por intermédio do COI, foi que o Brasil voltou a WUKO e reestreou em mundiais, precisamente na Austrália em 1986, tendo sido EnioVezzulli o técnico e José Carlos de Oliveira se sagrado Vice-Campeão Mundial.
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Ainda em 1986, motivado pela preferência do COI em reconhecer em caráter provisório a WUKO, HidetakaNishiyama decide refundar a IAKF sob a égide de InternationalTraditionalKarateFederation (ITKF). No ano seguinte, em 15/04/87, inesperadamente falece o grande líder do karateShotokan mundial, Sensei Masatoshi Nakayama, presidente da NKK desde 1954.
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Finalmente em 11 de setembro de 1987 a Confederação Brasileira de Karate fora fundada, o que não impediu a dupla filiação mundial do Brasil a WUKO e a ITKF. Quando o COI, através dos comitês nacionais (no Brasil, o COB), exigiu a filiação única de seus países membros a WUKO, o então diretor do Departamento de Karate da CBP, Sensei Yasutaka Tanaka, contrariado com a medida do COB, decidiu fundar outra federação de karate. Como o presidente do Conselho Nacional de Desportos (CND), Manoel José Gomes Tubino, era seu aluno, contou com o seu apoio para que o CND reconhecesse uma nova federação estadual de karate, o que era proibido com a legislação da época. Este processo se estendeu para os tribunais, onde um renomado jurista, Dr. Paulo Perry, conseguiu provar a "diferença" entre os dois "karates" através de uma manobra, na qual afirmou que o karate da WUKO era uma modalidade esportiva, enquanto que o karate da ITKF era outra, traçando um paralelo entre o futebol de campo e o futebol de salão. Com isto, em 25/11/1986 nascia a Federação de Karate-Do Tradicional do Estado do Rio de Janeiro em oposição a já existente FKERJ, previamente fundada em 1975. Se utilizando desta jurisprudência, em 1988 a Confederação Brasileira de Karate-Do Tradicional seria fundada.
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Em 1992, a Lei Zico abriu caminho legal para a criação de diversas confederações e ligas de uma mesma modalidade. Em 1998 a Lei Pelé também contribuiria para este processo. Não é difícil perceber que num país com dimensões continentais existissem insatisfações e interesses político-pessoais diversos. Dentre eles, se pode citar:
Eleição para a nova diretoria da CBK em 1992. O candidato da situação era o seu Diretor Técnico, TeruoFurusho, e o da oposição era o Presidente da Federação Paulista, Edgar Ferraz. Como o resultado foi desfavorável ao candidato da situação, este preferiu se desligar da CBK e se juntar ao movimento “interestilos” em sociedade com o ex-presidente da federação paulista, Osvaldo Messias.
As competições de karate se tornam um grande sucesso de popularidade mundo afora. Este sucesso seria fatal, pois com o enorme número de praticantes, mais e mais instituições, regulamentos e interesses foram surgindo.
HidetakaNishiyama, na cidade de Nova York, EUA, em novembro de 1974, após perder a vice-presidência da WUKO, funda a InternationalAmateurKarateFederation (IAKF), que agregaria principalmente o estilo Shotokan da NKK. A IAKF, como organização mundial paralela a já existente WUKO, foi um desserviço a expansão do Karate-Do pelo mundo conforme Nakayama imaginara, pois sua aproximação junto ao COI fora prejudicada com esta divisão da então unificada WUKO.
Até 1977 HirokazuKanazawa era o Chefe do Departamento de Instrução Internacional da NKK, e era de sua responsabilidade a manutenção da união entre todos os Mestres que difundiam o Karate-Do pelo mundo. Durante um Torneio de Confraternização houve um desentendimento de ordem pessoal entre os SenseiShirai, Enoeda e Asano. Como o SenseiKanazawa não conseguiu consertar o ocorrido, conforme sua delegada função, SenseiNakayama resolveu expulsá-lo (jomei) da NKK. Um ano após o ocorrido, Kanazawa fundaria a ShotokanKarate Internacional (SKIF), seguindo assim o seu caminho através da criação de uma nova escola de karate.
Especialmente nos anos 80, a SKIF teria forte influência no karate brasileiro através da UNICAM, organização de TeruoFurusho com filosofia "inter-artes marciais", visto que TeruoFurusho, a época, era diretor Técnico da CBK e presidente da FKERJ.
O KARATE-DO E O COI
Devido a popularidade global do Karate como arte marcial e esporte, a formação de uma única federação internacional tornava-se necessária. Como os critérios para um esporte entrar no programa olímpico sempre mudam, as organizações caminham na mesma direção para adaptar-se e atender as demandas da "Carta Olímpica".
Após a fundação da WUKO, em 1970, vários esforços foram feitos para incluir o Karate nos Jogos Olímpicos – o maior símbolo das realizações do homem no campo esportivo. No dia 06 de junho de 1985, a WUKO foi oficialmente reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1993, na Argélia, para adaptar-se às regras do Comitê Olímpico Internacional, foi exigida a união da ITKF e da WUKO, nascia a WKF, fato este que traria um desenvolvimento direcionado à promoção do Karate mundial. A ITKF continuou independente por divergências no regulamento (pela 1ª vez grandes mudanças) e por discordar da participação política que seria designada aos seus dirigentes.
No dia 18 de março de 1999 o COI ,em sua 109º sessão, Seul, Coréia do Sul, deu ao Karate seu certificado, confirmando o reconhecimento em caráter definitivo da WKF, de acordo com o artigo 29 da "Carta Olímpica", como a federação mundial dirigente da modalidade Karate.
Além da intenção de incluir o karate nos Jogos Olímpicos, o objetivo da WKF é de unificar todas as organizações que pratiquem karate como esporte ou como uma arte marcial tradicional, além de lutar também para promover ligações dentro de um espírito de amizade entre os karateka do mundo. A WKF, que tem mais de 180 países filiados, através das suas federações nacionais reconhecidas pelos respectivos governos e/ou Comitês Olímpicos, representa o karate mundial, coordena todas as atividades de Karate ao redor do mundo, estabelece regras técnicas e operacionais, organiza e controla reuniões internacionais e toma as decisões sobre vários assuntos que possam surgir entre os membros. É através das federações continentais, vinculadas a WKF, que o Karate participa dos Jogos Continentais Olímpicos, entre eles os Jogos Pan-Americanos e Sul-Americanos.
Os Katas do Estilo Shotokan
Os KATAS são a essência do estilo de karatê, neles estão contidas as técnicas de grandes mestres. Cada kata representa uma situação diferente pela qual o carateca esta passando. Sendo que os katas só terão o seu significado realmente compreendido por aquele que os pratica com maior frequencia, um grande mestre do passado disse que um kata só deve ser mostrado a outros quando ele for praticado 10.000 vezes, com uma pratica dessa quantidade pode realmente alcançar o real significado de cada técnica contida no kata e não a simples ordenação dos movimentos, pois o kata não deve ser dublado e sim vivido, deve-se incorporar a situação para que ele possa vir a ter um proveito real para o praticante.
ATENÇÃO
1. Para cada kata, o número de movimentos é fixado, eles tem que ser executados na ordem correta.
2. O primeiro movimento e o último movimento de cada Katatem de ser executados no mesmo ponto da linha de atuação, ela tem formas variadas, dependendo do Kata, como linha reta, forma de T, forma de I, e assim por diante.
3. Existem Katas que precisam ser aprendidos e outros que são opcionais. Os primeiros são os cinco KatasHeian e os três KatasTekki. Os últimos são: Bassai, Kanku, Empi, Hangetsu, Jitte, Gankaku e jion. Os outros Kata são: Meikyo, Chinte, Nijushiho, Gojushiho, Hyakuhachiho, Sanchin, Tensho, Unsu, Sochin e Seienchin.
4. Para executar dinamicamente um Kata, três regras devem ser lembradas e observadas: 1. o uso correto da força; 2. a velocidade do movimento, lento ou rápido; 3. a expansão e contração do corpo. A beleza, a força e o ritmo do Kata dependem desses três fatores.
5. No início e término do Kata, a pessoa faz uma inclinação. Isso faz parte do Kata. Ao fazer sucessivos exercícios de Kata, incline-se no começo e ao terminar o último kata. (OSS)
Obs : Algumas literaturas explicam que a palavra KATA não tem plural , só deve ser escrita no singular mesmo que falemos de mais de um kata. Nós abordaremos isso de forma figurada respeitando as concordancias verbais da língua portuguesa.
O pré-conceito de que o Kata é uma luta simulada perde o sentido como muitos definem, pois todos os Katas possuem objetivos técnicos, táticos e físicos, além De suas mais variadas aplicações (BUNKAI) reunindo toda magia do karate-do.
IMPORTANTE EM TODOS OS KATAS
1. SEQUÊNCIA - é memorização dos movimentos do Kata: sua direção, a utilização correta dos movimentos de mãos, pés, defesas, etc.. Isso requer uma boa capacidade de memorização, para que seu realize o movimento involuntariamente, sme ter que pensar para executa-lo.
2. RESPIRAÇÃO - deve ser correta e cadenciada respeitado o ritmo pré-estabelecido. O organismo realiza inspirações e expirações durante a execução dos mais variados movimentos, sendo eles de fortes ou suaves, portanto a respiração correta, além de aumentar a força e a velocidade, ajuda na concentração do corpo e da mente e mantém okarateca com melhor condição física.
3. COMBINAÇÕES E TEMPO - refere-se a um grupo de movimentos no Kata. A combinação faz com que o Kata torne-se uma série de movimentos, representando diferentes situações de lutas. TEMPO, separa as diferentes combinações. São esses dois itens que dão vida ao Kata.
4. FORMA E SIGNIFICADO - FORMA significa aplicar posições perfeitas em todo o Kata. Posturas e posições corretas de pernas, mãos e pés. O corpo deve estar perpendicular ao chão, os ombros relaxados, e a expressão alerta. O SIGNIFICADO servirá para que o aluno entenda com exatidão a função de cada movimento aplicá-los com convicção.
5. VISÃO - A visão objetiva e forme significa grande concentração. Sem esse elemento, o Kata pode torna-se sem vida.. Visão firme e precisa em uma luta, poderá afetar psicologicamente o oponente. No Kata, antes de executar um movimento deve-se ter a visão absoluta para execução do movimento seguinte.
CRITÉRIOS IMPORTANTES NA EXECUÇÃO DE UM KATA
RESPIRAÇÃO
RITMO
FORÇA
VELOCIDADE/POTÊNCIA
KIME
TEMPO
PRECISÃO DE POSIÇÕES
KIHON CORRETO
PRECISÃO E DIREÇÃO DOS GOLPES (FOCO)
ENTENDIMENTO DO BUNKAI (APLICAÇÃO)
CONCENTRAÇÃO
EQUILÍBRIO (concentração/movimento/respiração)
SIGNIFICADO DOS KATAS
HEIAN: (Paz e Tranqüilidade): Há cinco formas de Heian (shodan, nidan, sandan, yondan, godan), contendo uma grande variedade de técnicas, sendo quase todas relacionadas a posturas básicas. Alguém que tenha aprendido estas cinco formas pode estar seguro que é capaz de defender-se com muita habilidade na maioria das situações. O significado do nome deve ser levado em consideração neste contexto. Visto que os heian são derivações de um kata mais avançado (Kanku Dai).OsHeians são aprendidos nas faixas iniciais, sendo o HeianShodan geralmente o 1º Kata que se aprende no karateshotokan ainda na faixa branca, é seguido pelos Katas: HeianNidan (faixa amarela), HeianSandan (faixa vermelha), HeianYondan (faixa laranja) e HeianGodan (faixa verde), na faixa roxa geralmente se aprende alguns kata superiores.
TEKKI: (Cavaleiro de Ferro) ou (Andar a Cavalo): (Há três formas. shodan, nidan e sandan). O nome refere-se a característica distinta deste Kata que é sua postura Kiba-dachi, como montar a cavalo. Neste as pernas são fortemente posicionadas bem abertas, como se fosse para sentar no dorso de um cavalo, e a tensão é aplicada nas bordas externas das solas dos pés com a sensação de concentrar a força em direção ao centro, sendo praticado para o desenvolvimento do kime (força).
BASSAI: (Romper a Fortaleza) ou (Atravesar a Fortaleza): É um kata que reuni as principais técnicas básicas do karatê Shotokan. Este sugere o confronto contra um adversário superior, que não tenha pontos fracos (fortaleza), no qual o praticante terá que superar os seus próprios limites para conseguir a vitória. Há duas formas de Bassai (Dai,eShô). Sendo que a forma Sho foi desenvolvida pelo mestre Funakoshi.
KANKU: (Olhar Para O Céu) ou (Contemplar o Céu): O nome deste Kata derivou-se originariamente do mesmo introduzido por KuShanku, integrante do exército Chinês. O nome refere-se ao primeiro movimento do Kata, no qual levanta-se as mãos e olha-se para o céu. Há duas formas de Kanku (Dai e Shô), um curta e outra longa, o KankuDai é um kata que tem um pouco de cada heian (Shodan, Nidan, Sandan, Yondan e Godan), e é um dos katas mais longos do Shotokan, o KankuSho foi desenvolvida pelo mestre Funakoshi.
JITTE: (Dez Mãos) ou (Dez Técnicas): Nas formas remanescentes pertencem ao estilo Shorei, os movimentos são um tanto mais pesados quando comparados àqueles do estilo Shorin. A postura é bastante audaz. Proporcionam um bom condicionamento físico, embora sejam difíceis para iniciantes. O nome Jitte sugere que alguém que tenha aprendido este Kata é tão eficiente como cinco homens de uma só vez.
HANGETSU: (Meia-Lua): Nos movimentos para frente, neste Kata, são descritos semicírculos com as mãos e os pés de maneira característica, sendo seu nome derivado deste fato. Um das grandes características é a respiração, sendo devidamente trabalhada de forma sincronica com os movimentos.
ENPI: (O Vôo Da Andorinha): A movimentação característica deste Kata é o ataque a um nível mais acima do solo. Na seqüência segura-se o opoente e o induz a permanecer em uma posição específica, simultaneamente avançando e atacando novamente. O movimento representa o vôo rápido e ágil da andorinha. Sem dúvida um dos katas mais rápidos do estilo.
GANKAKU: (O Grou Sobre a Rocha): A característica deste Kata é a postura em uma só perna que ocorre repetidamente. Representa a visão esplêndida de uma garça pousada em total equilíbrio em uma pedra, prestes a lançar-se sobre a sua vítima.
JION: (Amor e Gratidão): Este é o nome original e tem aparecido freqüentemente na literatura chinesa desde os tempos antigos. O Jionji é um famoso velho templo Budista, e há um santo Budista bastante conhecido chamado Jion. O nome sugere que o Kata tenha sido introduzido por alguém identificado com o Templo Jion, assim como o nome Shorin-ji Kempo deriva de uma relação com o Templo Shorin. É um kata de base pesadas.
CHINTE: (Mãos Estranhas) ou (Técnicas Estranhas): Possui este nome por conta de técnicas não tanto comuns, (dedo nos olhos) e coisas do género. Este trata de uma situação que o oponente tem uma vantagem física, tornando necessário atacar em ponto do corpo onde não haja vantagem física.
UNSU: (Mãos e Nuvens):O Kata com o estilo do Dragão por Mestre Aragaki. Onde ele o treinou não se tem conhecimento, mas as grandes influências Chinesas neste Kata sugerem que tenha sido certamente em continente chinês. O nome usado em Okinawa é Unshou e significa "Defesa Contra A Nuvem", ou seja, mesmo se seus inimigos cercarem você como uma nuvem, com certeza você os vencerá se tiver aprendido o Unsu. Este é sem dúvida o kata mais curioso do estilo Shotokan, possuindo técnicas das mais variadas formas, das mais simples as mais complexas, sendo somente indicado a praticantes de alto nivel técnico.
SOCHIN: (Espírito Inabalável): Este nome sugere que o praticante que o domine não temerá nada. É um kata de bases bastante pesadas primando para um bom desenvolvimento da base, postura e força.
NIJUSHIHO: (Vinte e Quatro Passos): Um kata bem complexo apesar da pouca quantidade de movimentos. Este faz um rápida mudança de direção e um grande variação de técnicas de defesa e contra-ataque.
GOJUSHIHO: (Cinquenta e Quatro Passos): Há duas formas de Gojushiho (Dai e Shô)sendo estes uns dos maiores katas do estilo shotokan. Neles existem técnicas bem singulares não sendo vistas em nenhum outro katashotokan.
MEIKYO: (Espelho Limpo) ou (Espelho da Alma): Este é um Kata muito misterioso. Presume-se que os japoneses o conheciam muito antes que Mestre Funakoshi tenha introduzido o Karatê de Okinawa no Japão. Há até mesmo uma lenda japonesa a respeito de Ameratsu, a deusa do sol. Ela havia perdido seu espelho e não podia admirar-se, ficando muito aborrecida. Desta maneira, o mundo ficou nas trevas. Finalmente os outros deuses decidiram que alguma coisa deveria ser feita, então enviaram um grande guerreiro para realizar a "Dança da Guerra" do lado de fora da caverna. A "Dança Da Guerra" foi nomeada Meikyo. Meikyo é traduzido como "O Espelho da alma". O nome antigo para Meikyo era Rohai, o qual está agora voltando a ser usado.
JIIN: (Amor e Proteção): Este segue o mesmo principio do JION, sendo um kata de base pesadas e sempre visando uma melhor postura do praticante.
WANKAN: (Coroa Real):Este Kata era conhecida no passado pelo nome de Shiofu e Hito que significava a Coroa do Rei. É a Kata mais curta do Karatê Shotokan, só com um Kiai. Como não fazia parte do grupo inicial de katas introduzidas por GiginFunakoshi no Japão, é geralmente aceito que foi o filho YoshitakaFunakoshi que a introduziu no Shotokan, numa nova versão, por si trabalhada e modernizada. Devido a sua dimensão existe a ideia que é um kata inacabado, cujo desenvolvimento foi interrompido com a morte precoce de YoshitakaFunakoshi. Esta tese ganha significado já que as versões actualmente existentes em outros estilos de Okinawa, são bastante mais compridas.É Um kata sem duvida singular, contendo técnicas básicas e avançadas como torções. É o menor do estilo shotokan.
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